PERCEPÇÃO DE FAMILIARES DE PESSOAS EM TRATAMENTO NOS CAPS SOBRE OS TRANSTORNOS MENTAIS E OS PROCESSOS DE CUIDADO PSICOSSOCIAL

Autores

  • Rômulo Salles Alvarenga Centro Universitário Salesiano
  • Andréa Campos Romanholi Centro Universitário Salesiano

DOI:

https://doi.org/10.65458/v3n2.103122

Palavras-chave:

Caps, Lógica Manicomial, Atenção Psicossocial, Familiares

Resumo

Este estudo investigou a percepção de familiares de usuários do centro de atenção psicossocial (Caps) sobre transtornos mentais e tratamento, tendo como problemática a possível presença da lógica manicomial em seus discursos. Foi realizada pesquisa qualitativa, de finalidade exploratório descritiva, do tipo estudo de campo, com aplicação de entrevista semiestruturada com familiares de usuários que fazem tratamento em Caps da Grande Vitória/Espírito Santo. Foram entrevistados oito familiares (duas tias, duas irmãs e quatro mães de usuários). Foi utilizada a análise de conteúdo para trabalhar os dados. Os resultados revelaram que, apesar de os familiares se mostrarem majoritariamente contrários à internação, mantém-se a lógica manicomial nos discursos, refletindo não estar acontecendo uma apropriação dos princípios da atenção psicossocial. Observou-se a expectativa de cura com seu entendimento sendo equivalente à obtenção de um comportamento calmo, controlado e disciplinado/obediente, contradizendo premissas de autonomia dos sujeitos. Como efeito dessas perspectivas, os familiares revelam grande valorização da medicação, vista como elemento forte do tratamento, além de atitude de vigilância constante, o que causa desgaste nas relações familiares. Predomina nos discursos dos familiares valores e concepções do modelo tradicional e biomédico, próprias do modo asilar. Assim, verifica-se que o fato de ter e acompanhar uma pessoa em cuidado em Caps não tido efeito de mudança da lógica manicomial entre os familiares dos usuários, ponto que gera importantes reflexões uma vez que os Caps são serviços estratégicos da reforma psiquiátrica brasileira. Evidencia-se a necessidade de maior trabalho com os familiares por parte dos Caps.

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Publicado

2025-12-27